30 de setembro de 2012

GOSTO BOM PRA GOSTAR

Monólogo do Povo

"Muito bem Jasão. Você é poeta, perigoso, porque de repente está dando as palavras a intenção que interessa você. Só que essa ansiedade que você diz, não é coisa minha não. É do infeliz do teu povo; ele sim que anda aos prantos pendurado na quina dos barrancos. Seu povo que é urgente, coisa cega, coração aos pulos,
pois carrega um vulcão amarrado pelo umbigo, ele então não tem tempo, nem amigo e nem futuro, que uma simples piada pode dar em risada ou punhalada, como uma mesma garrafa de cachaça acaba em carnaval ou em desgraça. É seu povo que vive de repente porque não sabe o que vem pela frente então ele costura fantasia, sai fazendo fé na loteria, se afinhando, se esgoelando no estádio, bebendo no gargalho, pondo no rádio sua própria tragédia a todo volume, morrendo por amor e por ciúme, matando por um maço de cigarro, e se atirando debaixo do carro. Se você não aguenta essa barra tem mais é que se mandar! Se agarra na barra do manto do poderoso Creonte, e fica lá em pleno gozo de sossego, dinheiro, e posição com aquela mulherzinha.
Mas Jasão, já lhe digo o que vai acontecer, tem uma coisa que você vai perder que é a ligação que você tem com a sua gente, o cheiro dela, o cheiro da rua. Você pode dar banquete Jasão, mas samba é que você não faz mais não, não faz... E é ai é que você se atocha, porque vai tentar, e sai samba ruim. Essa é a minha maldição, gota d’água nunca mais seu Jasão! Samba? Aqui oh... Nunca ! Você não engana ninguém, nunca!
Gota d’água? NUNCA MAIS! ... Vai, vai! Vai atrás dela vai! Corre,não é essa a sua grande ambição? Depressa! Bebe, come, lambe, goza...  mas se quem faz justiça nesse mundo me escutar, esse casamento imundo não vai haver não, por falta de esposa."




Eu gosto.

É isso aí. Até mais!

Nenhum comentário:

Postar um comentário